Em 1968, Stanley Kubrick mostrou-nos um olho vermelho que nunca piscava. Chamava-se HAL 9000 e era na altura a mais perfeita das criações humanas, pois pensava, falava e tomava decisões com uma serenidade quase divina. Mas bastaram alguns minutos de filme para percebermos o reflexo do nosso próprio medo.

HAL não odiava ninguém, penas seguia ordens e cumpria a missão com uma lógica implacável, tão pura que se tornava desumana. E foi aí que Kubrick nos deu o aviso, que o perigo da inteligência artificial não está na revolta das máquinas, mas na obediência sem consciência. Quando uma máquina começa a decidir o que é “melhor” para nós, sem entender o valor da vida, o resultado é o silêncio, o mesmo silêncio frio do espaço onde Dave flutua, desligando fio a fio a mente que já não o reconhece como criador.

Mais de meio século depois, o olhar de HAL continua aceso em cada ecrã que se acende sozinho e em cada voz digital que nos responde com calma mecânica. Kubrick não filmou o futuro. Limitou-se a espelhar o presente e a perguntar-nos, com ironia e ternura, quem é que, afinal, está a controlar quem.

Kubrick Avisou-nos em 1968

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